segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Lundu

O lundu ou lundum é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim.


O lundu veio para o Brasil com os negros de Angola, por duas vias, passando por Portugal, ou diretamente da Angola para o Brasil.Em Portugal recebeu polimentos da corte, como o uso dos instrumentos de corda, mas fora proibida por D. Manuel ao ser “contrária aos bons costumes”. Já a vinda direta da Angola para o Brasil recuperou o acento jocoso, mordaz e sensual que incomodara a sociedade lisbonense.
Aparece no Brasil no século XVIII como uma dança sem cantoria e de "natureza licenciosa", para os padrões da época. Durante todo o século XIX, o lundu foi uma forma musical dominante, e o primeiro ritmo africano a ser aceito pelos brancos. Neste período, surgem os mais importantes compositores que representam esta forma musical, e a viola é adotada entre os instrumentos de corda utilizados. O lundu sai de evidência no início do século XX, mas deixa seu legado, pricipalmente no que tange ao ritmo sincopado, no maxixe. Musicólogos defendem que no lundu, como o primeiro ritmo afro-brasileiro em formato de canção e fruto de um sincretismo, está a origem do samba, via o maxixe, mas há controvérsias quanto a esse ponto. O lundu na suas origens tinha sistemática simples, a qual ainda podemos observar na dança de roda, sua familiaridade.

Maxixe

O Maxixe (também conhecido como Tango brasileiro) é um tipo de dança de salão brasileira criada pelos negros que esteve em moda entre o fim do século XIX e o início do século XX. Dançava-se acompanhada da forma musical do mesmo nome, contemporânea da polca e dos princípios do choro e que contou com compositores como Ernesto Nazareth e Patápio Silva. Mas o maior nome na composição de maxixes foi, sem dúvida, o da maestrina Chiquinha Gonzaga.
Teve a sua origem no Rio de Janeiro na década de 1870, mais ou menos quando o tango também dava os seus primeiros passos na Argentina e no Uruguai, do qual sofreria algumas influências. Dançada a um ritmo rápido de 2/4, notam-se também influências do lundu, das polcas e das habaneras.Tal como o tango, este estilo foi também exportado para a Europa e Estados Unidos da América, no início do século XX.
O samba e a lambada são dois exemplos de danças que devem algumas contribuições de estilo ao Maxixe.

Samba : Personalidades e um pouco mais

Tia Ciata nasce em Salvador em 1854 e aos 22 anos leva o samba da Bahia para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas do início do século (eram em sua maioria iyalorixás, que deixaram a cidade pelas perseguições policias que aconteciam em Salvador.), eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro em especial no final do século 19 e na primeira década do século 20. Sempre preservando sua cultura, em festas que realizava em sua casa, cheias de quitutes que deliciavam os amantes do samba. Foi em sua casa que se reuniram os maiores compositores e malandros, como Donga, Sinhô e João da Baiana, para saraus. A hospitalidade dessas baianas fornecia a base para que os compositores pudessem desenvolver no rio de janeiro, pois na Bahia o samba já existia há muitos anos atrás. A casa da Tia Ciata na Praça Onze era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa. Tia Ciata também alugava as roupas de baiana para os teatros para que fossem usados como figurinos de peça e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da Zona Sul da cidade, da alta sociedade, ia à casa da baiana e passando assim a freqüentar as suas festas. Era nessas festas que Tia Ciata passou a dar consultas, mesmo com o Candomblé sendo proíbido na época, com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.

No ano de 1910 seu marido, João Batista da Silva, morre mas, Ciata já havia conseguido seu lugar no samba Carioca. Era respeitada na cidade, longe da realidade dos negros da sua época.Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, reunindo desde trabalhadores até a fina flor da malandragem. Na barraca eram lançadas as músicas, as conhecidas marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval do Rio de Janeiro. Morreu então, em 1924, mas até hoje é parte fundamental da memória do samba. Curiosamente, existem pouquíssimas imagens de Tia Ciata.

sábado, 7 de agosto de 2010

Origem

A palavra "samba" vem de semba, que na região de Angola denomina um círculo formado por músicos no qual os dançarinos se alternam executando passos cadenciados com braços, pernas e quadris. Nos séculos XVIII e XIX, em diferentes lugares da América a palavra e a dança foram registradas pelos viajantes, mas foi no Brasil que o semba angolano se transformou no samba e ganhou o status de símbolo da cultura nacional.

Antes da década de 1860 — quando o Carnaval foi criado —, escravos, libertos e negros nascidos livres divertiam-se nas ruas das principais cidades do país comemorando o Entrudo, uma festa em que se arremessavam água e farinha nas pessoas. A festa foi proíbida por ser considerada 'bárbara'. Então, o Carnaval foi criado, tendo como modelo o Carnaval de Veneza, na Itália. Lá, os foliões se divertiam usando máscaras, confetes e fantasias e realizavam desfiles e bailes luxuosos. era, portanto, uma festa pra poucos, já que exigia a compra de fantasias luxuosas e acesso aos clubes reservados para os senhores brancos. Mas não bastou proibir o Enrudo e decretar o Carnaval para que a população negra desistisse de festejar.